Como é feito o diagnóstico de um entorse de tornozelo?
O diagnóstico baseia-se no relato da história do paciente, no exame físico,
nos sinais e sintomas encontrados e pelo estudo radiológico do pé e tornozelo.
No exame físico, a palpação é importante para localizarmos pontos dolorosos
e avaliar a extensão das lesões. Existem testes que podem auxiliar na
classificação e indicar a presença de instabilidade ligamentar e de lesões associadas.
Também é importante excluir possíveis fraturas com o exame de raio X,
principalmente se há dor intensa e impossibilidade de apoiar o pé no solo.
O exame de Ressonância Magnética é útil para avaliar o tipo de lesão ligamentar,
avaliar se houve lesão cartilaginosa e/ou contusão óssea e avaliar quais
estruturas foram acometidas.
O que é esperado após o entorse de tornozelo?
Em seis semanas após entorse de tornozelo, deve-se esperar 90% de bons
resultados e o retorno a um bom nível de função. No entanto, é possível
que existam alguns sintomas residuais de dor ou instabilidade da articulação
do tornozelo. Mesmo após seis meses há ainda uma chance de 20 a 30% dos
pacientes sofrerem com algum grau de desconforto ou leve instabilidade
da articulação.
Como é a avaliação dos sintomas tardios?
A avaliação dos sintomas residuais (dor, inchaço e instabilidade) após
três meses de entorse do tornozelo, com tratamento e reabilitação
adequados, é feita através da avaliação da queixa do paciente, do
exame físico e da realização do exame de ressonância nuclear magnética.
Este exame auxilia no diagnóstico de defeitos da cartilagem articular
(lesões osteocondrais), aderências e cicatrizes internas dolorosas e
inflamadas como sendo a fonte dos sintomas tardios.
A sinovite, a lesão meniscóide e as lesões de cartilagem são as causas
mais comuns de dor crônica após entorses de tornozelo. A instabilidade
crônica ocasiona entorses de repetição do tornozelo, em intervalos
variados e de diferentes graus, ocorrendo mesmo em terrenos planos e
não necessariamente associada à prática de esporte.
Como é feito o tratamento das lesões tardias?
A instabilidade após o entorse (entorses de repetição) é uma queixa muito
comum após o tratamento da lesão ligamentar. Normalmente, está associada
à falta de reabilitação, como reforço muscular e melhora da propriocepção.
A propriocepção é a capacidade de resposta muscular automática que auxilia
no equilíbrio e na estabilidade da articulação. Ela ajuda a evitar ou conter
o estiramento e a ruptura ligamentar do tornozelo durante o mecanismo de entorse.
Por isso, deve ser trabalhada e estimulada após qualquer lesão ligamentar,
pois há uma perda importante desse mecanismo de proteção.
A correção dos déficits de força, flexibilidade e propriocepção são
suficientes, na maioria das vezes, para estabilizar e evitar as entorses
de repetição.
O tratamento cirúrgico da instabilidade é indicado quando não houve
melhora com a reabilitação motora. Pacientes jovens, atletas ou com
grande atividade física diária podem se beneficiar com o reparo e o
retencionamento dos ligamentos laterais.
A técnica mais comumente empregada é chamada de Bröstrom Modificada,
onde os ligamentos lesionados são retencionados e reinseridos ao osso,
juntamente com um reforço do retináculo (banda ligamentar que segura os tendões).
A sinovite crônica, a lesão meniscóide e as lesões de cartilagem –
lesões condrais – sintomáticas podem ser tratadas atualmente através da
realização da artroscopia do tornozelo, uma técnica minimamente invasiva
que permite avaliar a articulação internamente e tratar as lesões utilizando
câmera de vídeo e instrumentos específicos.